Elize Araújo Kitano Matsunaga, acusada de matar e esquartejar seu marido, Marcos Kitano Matsunaga, pode ter pena atenuada por ter matado o marido por motivos "passionais". Ou seja, em pleno século XXI a sociedade ainda fornece facilidades a assassinos com o argumento de que a pessoa "apaixonada" pode ficar "cega", perdendo, portanto, parte de sua capacidade de fazer escolhas. Talvez seja verdade que após ceder aos impulsos possessivos o indivíduo entre em um redemoinho de pensamentos que o arrasta e o leva, as vezes, ao crime. Mas o que também é verdade é que antes de ceder a esses impulsos ele, ou ela, teve escolhas. Podia não ter cedido a "tentação" de pensar que o outro, ou a outra, era sua propriedade e que a infidelidade lhe dava "direitos" sobre o corpo do "transgressor". Assassinato passional, penso eu, é inominavelmente mais bárbaro que o latrocínio puro e simples e enquanto o mito da "cegueira" das paixões persistir em nossa cultura continuaremos matando, esquartejando e mutilando...por amor.