Desenvolvo neste artigo alguns aspectos do caráter próprio e eminentemente político da filosofia rortyana, apontando como uma das características centrais dessa mesma filosofia a primazia de questões políticas bem como a descrição que ela oferece da atividade literária. Essa descrição, que coloca a atividade literária a serviço da auto-criação, pretende lançar as bases para uma concepção da relação entre os indivíduos e o mundo que desaguaria, por um lado, em um realismo prático e mínimo, e, por outro, em uma concepção não logocêntrica e plástica do eu. A tais aspectos da filosofia de Rorty, soma-se a proposta de instrumentalizar a atividade literária, as construções imagéticas que ela desenvolve, visando colocá-la a serviço de determinadas metas cruciais para o sucesso de uma sociedade democrática e liberal. Uma dessas metas encontrar-se-ia na superação de uma concepção essencializada e condensada do ser humano, e na criação de um ambiente cultural no qual a possibilidade de criação de vínculos éticos não esteja ancorada na veneração a critérios supra-históricos e verticalizados. No escopo deste texto pretendo comparar a descrição oferecida por Rorty da atividade literária, com aquela oferecida por Milan Kundera no texto A Arte do Romance.
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Um comentário:
Muito interessante o texto, na medida que possibilita uma ressignificação das relações entre os indivíduos e a sociedade. Considero ainda a leitura de Rorty, um pouco complexa, mas a medida que tenho acesso aos artigos e textos vou tecendo novas ideias e o campo de entendimento amplia. Há também, uma abertura de percepção sobre as coisas pretéritas, é como se tivéssemos que revisitar nosso passado num processo de analise substancial e ao mesmo tempo movida por um sentimento de recriação emergente. Nota-se que uma "nova ideia", de entender as realidades distintas. Redescrevendo-se continuamente. Estou num processo de aprendizagem sobre o texto "A contingência da identidade" (Richard Rorty).
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