segunda-feira, 8 de março de 2010

Pragmatismo e Ensino de Filosofia - Artigo Publicado na revista Índice

Desenvolver um discurso coerente acerca do papel da filosofia no que toca a sua relação com a educação não é uma tarefa simples. Devido a posição estratégica da educação em sua dupla função de oferecer tanto possibilidades de auto-criação individual, quanto discursos voltados para a produção do vínculo ético público, essa atividade encontra-se no centro de fervorosos debates. Tais debates recrudescem ainda mais quando a filosofia é convocada à deles participar no sentido de situar suas peculiaridades em relação a ambas as demandas. O problema, poder-se-ia dizer, é que o assim chamado “senso comum”, até onde tem assimilado alguns aspectos do iluminismo, tende a conceber a atividade pedagógica como um campo de ação, no qual, nossas possibilidades de controle sobre os fatores determinantes do sucesso pessoal ou social são melhorcontempladas.
Todavia, não existe um consenso na comunidade filosófica acerca do papel da filosofia em relação a essas questões. Não penso que exista uma resposta que possa satisfazer todas as correntes pedagógicas e todos os partidos filosóficos acerca da conexão entre a filosofia e a educação dos jovens no ensino fundamental e médio. No entanto, tampouco creio que um profissional de qualquer das duas áreas deixe de ter algo a dizer acerca dessa conexão. A partir de alguns aspectos do pensamento filosófico de orientação pragmática e neo-pragmática representados neste artigo, respectivamente, pelos autores Wiliam James e Richard Rortyt tentarei derivar algumas posições destes filósofos em tópicos como epistemologia e política para a polêmica acerca da capacitação de professores para o planejamento da docência no ensino médio.

Confira aqui o texto integral




5 comentários:

André disse...

"[...], penso que a filosofia poderia [...] viabilizar a assimilação de vocabulários ou crenças passíveis de servirem como ferramentas para atingir certos propósitos sociais". É uma pena que não seja isso o que tende a acontecer nas escolas. Hoje tenha clareza da importância que tiveram alguns professores do colégio que me indicaram certas leituras e ajudaram a não entender o estado atual das coisas como o estado natural delas. Curioso é que isso se dava fora do ambiente institucional, na casa desses professores geralmente, em função da amizade de construímos. O ambiente institucional não autorizava esse tipo de discussão que colocava em dúvida a própria instituição escolar.

André disse...
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André disse...
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André disse...

Eu não sei que tipo de "contingente" de jovens sairia do colégio onde estudei se ali tivesse ensino de filosofia. Por outro lado, mantenho-me reticente em relação aos efeitos da filosofia-de-colégio sobre o alunado se os professores recrutados para essa função fossem semelhantes àqueles que já estão viciados na produção de vestibulandos competitivos. Parece-me que é mais uma questão de qualidade de professores que de qualidade de conteúdo de ensino. Sorte minha que tenho a oportunidade de dialogar com alguns professores-significativos, mais do que manter-me conforme.

Hilton Leal disse...

Concordo contigo em muitos aspectos André. Nossas instituições são em grande medida anti-progressistas, principalmente aquelas de ensino fundamental e médio. A escola, quando particular, como vendedora de um serviço, não pode afastar-se muito da estrutura anti-individualista e medieval de nossos valores enquanto a escola pública encontra-se engessada pela falta de valorização profissional dos professores, pela falta de comprometimento dos poderes públicos e pelos mesmos vicios anti-individualistas da escola particular. O ensino de filosofia proposto nesse texto é mais uma provocação, duvído também da disposição de nosssas escolas a sequer considerá-lo como opção.