Não é de hoje que nós, indivíduos das cidades grandes, nos deleitamos com a representação de vidas alheias. Desde o romance novelistico de revistas como Julia ou Bianca, até a hipnose em massa das telenovelas é fácil constatar nosso fascínio pela vida alheia. Os motivos são vários, mais todos tem um propósito comum: reforçar os valores que defendemos e amaldiçoar os comportamentos que desprezamos, mandando-os para o famoso paredão. Esse valores e comportamentos, na maioria dos casos, não escapam a medianidade e mediocridade das avaliações de quem estabelece o próprio valor através da comparação com outras pessoas. Quem não considera a comparação com outras pessoas uma boa ferramenta para estabelecer o próprio valor irá ver com certo desdém tanto a telenovela quanto o Big Brother. Esse ultimo todavia traz consigo um elemento que apimenta um pouco mais as comparações: quem desempenha certos comportamentos ali não é um personagem de ficção, é uma pessoa real. Imagine o gozo moral de um homofóbico ao ver outra pessoa ser na Televisão a pessoa preconceituosa que ele gosta de ser. Ou, por outro lado, imagine a matrona, que gastou toda sua juventude, se sacrificou em nome de ideais como fidelidade, família, moral ao mandar para o paredão uma garota sarada que trai o namorado, que está fora da “casa”, diante das câmeras; um orgasmo de vingança. A lista das possibilidades é infinita, chama-se a isso transferência. Confirmo o que sou me identificando com alguém melhor sucedido que eu e que se parece comigo, ou condenado quem representa o que eu desprezo.
Do ponto de vista da fruição pessoal o Big Brother vale tanto quanto uma partida de futebol ou um espetáculo de música clássica. Do ponto de vista da nossa cultura, dos aspectos políticos da arte, contudo, é um desserviço. Reforça preconceitos nocivos as nossas instituições, consolida valores medievais e retrógrados e, de quebra, transforma garotas inexpressivas e superficiais em atrizes de 1° escalão. Contudo, sabemos que essas observações têm pouco valor para quem assiste o Big Brother, em um país que possui tantos feriados e tanto analfabetismo refletir sobre as consequências políticas da arte é, devo admitir, uma mera excentricidade de filósofos.
Do ponto de vista da fruição pessoal o Big Brother vale tanto quanto uma partida de futebol ou um espetáculo de música clássica. Do ponto de vista da nossa cultura, dos aspectos políticos da arte, contudo, é um desserviço. Reforça preconceitos nocivos as nossas instituições, consolida valores medievais e retrógrados e, de quebra, transforma garotas inexpressivas e superficiais em atrizes de 1° escalão. Contudo, sabemos que essas observações têm pouco valor para quem assiste o Big Brother, em um país que possui tantos feriados e tanto analfabetismo refletir sobre as consequências políticas da arte é, devo admitir, uma mera excentricidade de filósofos.
6 comentários:
Cuidado com os torcedores do Dourado, eles pode te pegar! (rs)
O mais engraçado nesse cara é que ele não gosta de viado (tem uma swastika tatuada), mas tem o sobrenome mais aviadado que eu já tive notícia. (rs)
Mas...falando sério, foi uma ótima análise. Gosto muito de como pragmatismo, existencialismo, niilismo,humor e uma certa esperança (ou não?) se articulam no teu texto.
Li em algum lugar comentário sobre a vitória de Dourado, o tão aclamado homofóbico que se sente vítima de heterofobia (como ele mesmo definiu no dominical Faustão). A idéia central desse comentário era a de que Dourado representava um sentimento de tradicionalismo e moralidade dentre os estereótipos(?!) de dLag-queen, gay, lésbica, devassa, músculo cerebral anabolizado, etc. Eleger Dourado como vencedor seria uma vontade de retorno à uma modelo anterior de sociedade? O que se pode depreender disso?
POis é André, uma intetressante radiografia do conservadorismo brasileiro. Apesar de não acompanhar o programa teu comentário me faz pensar que a vitória do dourado deveu-se ao fato de que o público do Big Brother é exatamente o mesmo público que vâ nas políticas pró igualdade uma degeneração, o mesm o público que assiste os especiais de Roberto Carlos e a missa do galo ( ouse não assiste pelo menos faz parte da mesma tradição familiar que deu origem a tais eventos). Eleger Dourado, na minha opnião, foi uma reação a tentativa da globo de mostrar-se progressista colocando dois Hossexuais assumidos no Big Brother. Um verdadeiro grito de revolta siado do peito de um conservadorismo cada dia mais encuralado.
Meu caro Hilton, seu texto é fabuloso, pois está explicito a REALIDADE.
Postar um comentário